"É só um laudo"... Será mesmo?

Frequentemente sou procurado por pacientes que desejam obter "apenas um laudo para poder processar".

No campo da Odontologia, o parecer técnico (comumente chamado de "laudo" por pacientes e até mesmo advogados) é muito mais que um simples documento. Ele é uma ferramenta que traduz ciência e prática clínica em informações claras, organizadas e confiáveis, servindo como apoio em processos judiciais, avaliações administrativas e até em negociações entre profissionais e pacientes.

Um parecer mal estruturado ou escrito de forma descuidada pode prejudicar a defesa dos interesses da parte envolvida e, ao mesmo tempo, comprometer a credibilidade do profissional que o assina. É fundamental que o texto seja claro, objetivo e fundamentado em literatura científica atualizada, evitando opiniões pessoais sem respaldo técnico.

Outro ponto crucial é a imparcialidade. Embora seja elaborado por perito auxiliar contratado por uma das partes, um parecer não deve pender para favorecer uma das partes, mas sim descrever a realidade dos fatos com base em evidências. A falta de equilíbrio pode trazer questionamentos éticos e até consequências jurídicas para quem o elaborou.

Por isso, a boa prática recomenda que o parecer siga uma estrutura organizada — introdução, análise fundamentada e conclusão objetiva. A linguagem deve ser técnica, mas ao mesmo tempo acessível a quem não é da área odontológica, como advogados e juízes. Além disso, revisões cuidadosas, referências bibliográficas e identificação completa do profissional reforçam a validade do documento.

De forma resumida, o parecer técnico bem feito cumpre seu verdadeiro papel: oferecer segurança, clareza e confiabilidade, garantindo que as decisões tomadas a partir dele sejam justas e bem embasadas.