
O que leva a um processo? Parte 1
Um processo não inicia sem um motivo - ou vários
Igor Cunha
10/13/20252 min read

Na prática odontológica, erros técnicos costumam chamar a atenção, mas muitas vezes o maior risco não está na habilidade com o bisturi ou na técnica aplicada. O que mais frequentemente desencadeia processos judiciais é algo invisível aos olhos da maioria: a rispidez no atendimento. Um sorriso escondido atrás de impaciência, palavras ásperas ou descaso não deixa apenas uma má impressão — ele pode gerar consequências legais sérias.
O paciente registra cada gesto, cada tom de voz e cada frustração. Essa percepção não é trivial. Em perícias judiciais odontológicas, não raramente se observa que ações processuais têm origem no desrespeito percebido pelo paciente, mesmo quando o tratamento em si não apresenta falhas técnicas graves. O relatório pericial frequentemente destaca a ausência de comunicação adequada, atitudes ríspidas ou falta de empatia como fatores que corroem a relação de confiança e podem ser interpretados como violação ética.
A rispidez não se limita a uma palavra fora de hora. Ela se manifesta em desatenção, impaciência ou impessoalidade, e mesmo pequenas ações podem ser registradas pelo paciente como negligência ou descaso. Na esfera judicial, a perícia odontológica considera não apenas o resultado clínico, mas também o comportamento do profissional, sua postura ética e a forma como conduziu o relacionamento com o paciente. Essa análise detalhada é decisiva para compreender se houve dano moral ou psicológico decorrente do atendimento.
Ignorar a empatia é, portanto, mais perigoso do que muitos imaginam. Um profissional habilidoso, mas ríspido, pode ver sua carreira ameaçada não por falha técnica, mas por quebra da relação de confiança. A lição é clara: a técnica sem humanidade não protege contra processos; a perícia demonstra que o cuidado humano é tão importante quanto o cuidado clínico.
Portanto, para o dentista que deseja atuar de forma segura, o caminho é simples, mas exigente: atenção, empatia e comunicação clara. Um sorriso genuíno, paciência e respeito pelo paciente não apenas fortalecem a relação terapêutica, mas também funcionam como escudo contra questionamentos legais.