
O que leva a um processo? Parte 2
O caminho é conhecido, mas muitos não conseguem evitar
Igor Cunha
10/20/20251 min read

Abandono clínico: quando o descaso se torna ação judicial
Na odontologia, alguns erros são imediatamente percebidos pelo paciente. Mas poucos são tão perigosos quanto o abandono clínico. Deixar um paciente sem respostas, tratamentos incompletos ou problemas mal resolvidos não é apenas um deslize ético — é um convite explícito à ação judicial. A ética odontológica não é uma sugestão opcional; é uma ferramenta de proteção, tanto para o profissional quanto para o paciente.
O abandono pode se manifestar de várias formas: não retornar ligações, negligenciar consultas de acompanhamento, interromper procedimentos sem justificativa ou minimizar queixas e sintomas. Cada uma dessas atitudes, quando analisada em perícia odontológica, é vista como quebra do dever de cuidado. O paciente percebe, registra e, muitas vezes, transforma essa experiência em ação judicial. Estudos de casos periciais demonstram que o abandono é um dos fatores mais recorrentes em processos por negligência, mesmo quando o tratamento inicial segue os protocolos técnicos adequados.
A perícia odontológica não se limita a avaliar o resultado clínico. Ela observa detalhadamente a relação profissional-paciente, a comunicação, a documentação, os retornos e o acompanhamento do tratamento. Um dentista que abandona um paciente expõe-se a questionamentos sobre responsabilidade civil e ética profissional, podendo gerar danos morais e materiais que poderiam ter sido evitados com simples atenção e comunicação.
Além disso, o abandono clínico compromete a confiança, elemento essencial na odontologia. O paciente confia seu corpo, sua saúde e, muitas vezes, seu bem-estar emocional ao profissional. Quando essa confiança é quebrada, não há habilidade técnica que reverta o impacto. O tribunal não avalia apenas o procedimento, mas também a postura do dentista diante do paciente.
Portanto, a lição é clara: tratamento completo, acompanhamento constante e comunicação clara não são opções, são obrigações éticas e legais. Abandonar um paciente é abrir a porta para processos judiciais que podem destruir carreiras, reputações e relações profissionais.